“Die With a Smile” é um milagre

deixe que eu vou explicar

o que é uma música que parece um encontro perfeito entre dois mundos que caminhavam em paralelo e, aparentemente, nada tinham em comum… mas na verdade, são mais parecidos do que pensam? milagre. ou destino, sei lá.

Lady Gaga e Bruno Mars começaram suas carreiras mais ou menos no mesmo período (ela, no final da década de 2000, ele já no ano de 2010), e seguiram caminhos paralelos musicalmente, mas unidos dentro do universo pop. mesmo caminhando em paralelo, há muitas coisas em comum sobre eles: são grandes intérpretes (alguns dos melhores do pop atual estadunidense e de sua geração); visões musicais muito sólidas, e não apenas na música como também na imagem; e por causa dessas visões sólidas, são músicos inteligentes e com excelente bagagem musical.

curiosamente, Gaga e Bruno se encontraram pouco nestes últimos anos (no Victoria’s Secret Show em 2016 e naquela homenagem ao Sting, acho que estiveram no mesmo VMA, em 2013), mas agora esses caminhos paralelos se encontram feito milagre… ou destino… em “Die With a Smile”, parceria dos dois (e que é um single isolado, basicamente um MIMO para nós pobres mortais) que saiu hoje (16/08) de madrugada com um clipe na pegada anos 70 e um rolê meio camp — Bruno de chapéu de caubói, Gaga fumando — e os dois beltando até não poder mais.

música fantástica, de letra simples, eficiente, melodiosa (perfeita na prática quando as duas vozes estão juntas, em especial na minha parte favorita, o segundo refrão, onde a voz do Bruno é colorida pelos agudos da Gaga de uma maneira linda) e o refrão é chiclete, facílimo de gravar, e parece feito para ser ouvido por todos os públicos.

é uma representação fiel das inquietudes e inteligência musical dos dois artistas: na Wikipedia, a música está classificada como pop e soft rock, e sinceramente eu não sei o gênero disso aqui haha (é pop? sim. tem influência R&B? sim. a guitarrinha persistente evoca uma balada pop-rock? também), em especial pela presença dos produtores — que torna “Die With a Smile” um supersingle: escrito por Bruno Mars e Lady Gaga, além de D’Mile, James Fauntleroy e Andrew Watt, e produzido pelos dois cantores, D’Mile e Watt, é apenas GENTE GRANDE do pop envolvida nessa faixa, e as influências de R&B e rock fazem sentido demais quando vemos tanto os produtores da faixa quanto a presença dos dois, que navegam bastante por vários estilos sem perder a personalidade.

aliás, era um dos meus dilemas quando soube do dueto: são vozes de muita personalidade, como funcionariam juntos? funcionaram, e muito bem. confesso que eu queria até mais Gaga (especialmente na volta do primeiro refrão), mas entendi um pouco como ela navegou pela música quando li como “Die With a Smile” surgiu. no fim, é a vitória dos intérpretes, de músicos extremamente inteligentes, de compositores sagazes e com um ouvido pronto para o atemporal, e de um encontro que poderia ter ocorrido alguns anos antes.

mas milagres às vezes acontecem quando devem ocorrer, e não quando a gente imagina que deveria acontecer.

ou era destino mesmo.