direto do túnel do tempo — gravação do ano, grammy 1970

Marina Teixeira
3 min readOct 14, 2024

cometi este post para confessar meus gostos musicais da adolescência

Imagem em preto e branco com cinco pessoas — da esquerda para a direita, duas mulheres negras e três homens negros. No topo, à esquerda, a frase “direto do túnel do tempo” na cor de gradiente roxo para azul. Na parte inferior, à direita, as frases “gravação do ano” e “grammy 1970” com a cor do gradiente roxo para azul

O ano de 1969 ficou conhecido como o ano de Woodstock, auge da contracultura (e também quando o negócio ficou mais perigoso lá nos EUA, if you know what I mean; aqui a gente vivia o AI-5, então as coisas estavam perigosas há muito tempo) e a urgência de músicas, sons e artistas que tornaram o final dos anos 1960 uma fase brilhante para o rock, o soul…

É neste contexto específico que o Grammy de 1970, que premiou as bandas, artistas solo, músicas e álbuns mais bem sucedidos do ano anterior, se coloca buscando refletir os anseios dessa geração.

Mas como o papo aqui é sobre Gravação do Ano…

hora de falar um pouco sobre quem foram os indicados naquele ano:

“Aquarius/Let the Sunshine In”, The 5th Dimension
“A Boy Named Sue”, Johnny Cash
“Is That All There Is?”, Peggy Lee
“Love Theme from Romeo and Juliet”, Henry Mancini
“Spinning Wheel”, Blood, Sweat and Tears

Mesmo em 1970, o prêmio de Gravação do Ano continuava sendo a categoria dos hits (todas as músicas indicadas fizeram muito sucesso na época), representando vários espectros do que era música popular no período — desde o country/folk, passando pelo jazz, o rock (no caso o jazz-rock), música instrumental (no caso, trilha de filme) e o psychedelic soul (subgênero do soul onde a musicalidade é mais dissonante, focada em instrumentais mais do que nas letras, mas as letras vão nessa linha “portas da percepção”, “longe da órbita”. Bons exemplos são o Temptations com Norman Whitfield na produção e Dennis Edwards nos vocais e o Sly and The Family Stone)

Destes cinco indicados, têm dois que melhor representam essas “dissonâncias” da época — o Blood, Sweat and Tears, que estava no auge, e ainda tocou em Woodstock, e o The 5th Dimension, que era um grupo vocal também de psychedelic soul, além de pop, soul de R&B.

Ou seja, um possível prêmio está aqui… e quem foi o vencedor?

“Aquarius/Let the Sunshine In” não é desconhecida, de forma alguma — essa faixa você deve ter ouvido a versão em português em algum lugar, e se viu “Hair”, conhece as duas músicas, já que são medley de duas faixas do musical (aliás, muito bem feito, porque são ritmos diferentes, tocados de maneira quase seguida, e funciona! cortesia do produtor Bones Howe). A música foi um hit massivo em 1969, mundialmente conhecido e foi simbolo da época — afinal de contas, quem nunca falou sobre a “era de Aquarius”? Vem dessa música. Apegada mística também ficou muito popular no período.

Também facilitou o fato da banda estar estourada na época (era o auge musical do The 5th Dimension, aliada à uma música super popular e bem-produzida, uma receita de sucesso para um Grammy de Gravação do Ano.

*importante ressaltar que eles já tinham serviços prestados nesta mesma categoria: levaram o prêmio por “Up, Up and Away”, em 1967.

Mas se não fosse o The 5th Dimension, quem levaria esse prêmio? Bem, eu já dei a dica lá atrás:

O Blood Sweat and Tears TAMBÉM estava no auge nessa época — como falei lá atrás, eles tocaram em Woodstock, eram o grupo de rock do momento e “Spinning Wheel” (que é excelente) foi hit. Esse som deles, jazz rock (piano, instrumentos de sopro bem definidos, a bateria super marcadona fazendo viradas marcantes), estava bombando no período, cortesia de James Guercio, mesmo produtor de Chicago (uma banda que eu ouvi horrores na adolescência — o som do Chicago antigo é muito nessa pegada, ouça “Saturday in the Park” e perceba as semelhanças).

Bem, como eles ganharam Álbum do Ano nesta mesma cerimônia, caso não tivesse “Aquarius…” na jogada, eles seriam a escolha ideal para “Gravação do Ano”.

Vamos sair do túnel do tempo por um instante e daqui a pouco eu volto, desta vez para 1971 e o vencedor de Gravação do Ano. Uma dica: é sobre uma dupla muito famosa…

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Written by Marina Teixeira

writer, journalist and anxious overthinker

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