eu ouvi o “An Evening with Silk Sonic” e…
cadê minhas camisas de seda e whisky?

eu vinha prometendo igual a político em época de eleição que iria fazer a resenha do álbum do Silk Sonic, “An Evening With Silk Sonic”, o primeiro álbum do supergrupo formado por Bruno Mars e Anderson Paak — e cumpri! Essa mesma resenha está no Instagram, em vídeo, mas vocês podem conferir o mesmo assunto aqui no Medium, um pouco das minhas impressões sobre o que, seguramente, é um dos MELHORES ÁLBUNS DO ANO.
São nove músicas (oito músicas e uma intro), 31 minutos de absoluto delírio (sim, 31 minutos, EU NÃO AGUENTO MAIS) — e eu sei que muita gente tava ouvindo o relançamento de Taylor Swift, mas para quem curte R&B, funk, soul, apaixonados por música dos anos 70, “An Evening With Silk
Sonic” é um desbunde, um delírio. É um encontro de duas almas gêmeas que entendem de música, e isso se reflete no álbum de uma forma que você nem imagina.
Mas quem é o Silk Sonic?
Bruno Mars e Anderson Paak se conheceram durante a turnê do 24k Magic, quando o segundo abriu alguns shows do primeiro, desenvolvendo assim uma grande amizade — já que eles tinham várias coisas musicalmente em comum, eram inquietos como artistas e aí, surgiu a ideia de produzir esse álbum e funcionar como um super grupo. Eles convocaram o D’Mile, que é um produtor vencedor do Oscar por seu trabalho com H.E.R e é o queridinho do R&B atual, e vinham gravando boa parte do álbum durante a pandemia.
Quem deu o nome de “Silk Sonic” foi Bootsy Collins, membro do Parliament Funkadelic, e que também é uma espécie de fio condutor do álbum, presente como “narrador” em algumas faixas e mais ativo em “After Last Night”. Um co-sign de respeito, especialmente considerando que, para entender o que é o Silk Sonic, é necessário conhecer as influências do super grupo — Philly Soul, Teddy Pendergass, James Brown, Earth Wind & Fire. Não estamos falando de disco ou de outras influências musicais dos anos 70 mais populares. São inspirações específicas, a tal ponto que Bruno e Anderson foram atrás de músicos que trabalhavam desde aquele período pra entender a batida, a forma como se tocavam os instrumentos, e isso se reflete nos arranjos.
Também reforça o fato de que esses caras são NERDS MUSICAIS — eles têm um foco e uma noção de música que é diferente de outras pessoas, e o resultado é que os arranjos e a produção (do próprio Mars e D’Mile), são sofisticados e bem detalhados, bem curados, para que façam essa associação com os anos 70. Porém, a diferença é a abordagem mais moderna, tanto nas letras divertidas (“Smoking Out The Window”, “Fly As Me”), que trazem o humor dos dois para o centro; quanto no trabalho com a bateria de Anderson Paak (todo o álbum tem como base a bateria, que ficou sob a batuta do músico), além das próprias vozes dos dois, que são modernas.
Mas tem espaço para coisas lentas, como a espetacular “Put It On A Smile”, inspirada no quiet storm (subgênero do R&B surgido nos anos 70 com foco em orquestração, músicas mais lentas e suaves, tangenciando as rádios adultas), e a baby making song “After Last Night”.
Além dos singles, que são maravilhosos (pena que “Skate” não acontece, é tão graciosa), tem também a música mais moderna do álbum “777” (é funk? é soul? é rock? é tudo) e a minha favorita do álbum, “Blast Off”, com uma produção extremamente elegante, onírica, psicodélica, que te leva para outro mundo — e faz você pensar: então, essa música é sobre entorpecentes? Porque parece músicas sobre entorpecentes.
Aliás, tem algo que eu amo nesse álbum é que eu ouço TODOS OS INSTRUMENTOS. E nunca ouvi tantos. Faz tempo que não escuto álbum no mainstream, na música pop (mesmo não sendo um álbum de música pop, mas vocês entenderam) com tantos instrumentos juntos, misturados e perceptíveis. Em “Blast Off”, é exatamente assim.
Conclusão
De longe, um dos melhores álbuns do ano (e óbvio front-runner do Grammy 2023), “An Evening With Silk Sonic” pode ser considerado um estudo de caso feito por dois apaixonados por música. Eles entendem o que estão tocando e cantando, as músicas têm detalhes intrincados e é um no-skips (mas nem tem pra onde pular, né galera, só tem OITO MÚSICAS E UMA INTRO). Cada ouvida é um passeio distinto, seja na bateria de viradas, viradas e que nunca para de Anderson Paak, ou na voz cristalina de Bruno Mars, ou no fato de que é uma produção tão perfeita que parece feita por robôs. Mas tem alma e coração, vindas dessas almas gêmeas apaixonadas por música, que lançaram dia 12 de novembro este álbum sensacional.
Favoritas:
1. Blast Off
2. Leave the Door Open
3. Smoking Out the Window
(Geralmente muda à medida em que ouço mais o álbum)