eu ouvi o “Endless Summer Vacation” e…

é um álbum bom que fica mais ou menos

Eu já devo ter ouvido todos os álbuns de Miley Cyrus e não sou fã, apenas alguém que acompanhava a carreira de uma artista pop como qualquer outra pessoa que curte o gênero. Sempre achei interessante como ela era camaleônica (uma Christina Aguilera de sua geração, só que com resultados bem diferentes), mas havia “sempre algo” que eu não achava exatamente genuíno no trabalho — e também na persona dela em algumas eras (a pior fase de longe era a do álbum “Younger Now”. O album não é bom, é o mínimo que eu posso dizer).

A melhor encarnação da Miley é a rocker, de “Plastic Hearts” (de seu melhor álbum), e fico feliz que ela prosseguiu nisso, claro que numa postura de nuance, mais pop e mais reflexiva em “Endless Summer Vacation”, seu oitavo lançamento. com boas letras e uma pegada mais madura de quem viveu muito e passou por várias histórias — tanto relacionamentos amorosos quanto vivências com amigos, com erros e acertos do passado (refletidos na ótima interpretação tecida pela voz rouca) e em músicas como “Jaded”, “You”, “Rose Colored Glasses” e “Wildcard”. Arranjos leves, muito orgânicos com guitarras e synths, parecem introduzi-la a um público mais adulto contemporâneo, indicando um bom percurso de carreira.

Por outro lado, após “Handstand”, o álbum que era bom começa a ficar mais ou menos, com músicas bem divisivas, e o clima leve, evocativo até, universal, se torna meio caótico, o que faz a nota do álbum baixar pra mim. Apesar disso, tem duas músicas dessa leva que eu gosto muito: “River”, o segundo single, que apesar de não ser melhor do que o lead, “Flowers”, é uma faixa bem competente, dançante e gostosa de ouvir, boa para a pista de dança; além de “Wildcard”, que já citei aqui, uma faixa onde Miley reforça sua personalidade e gênio de uma maneira honesta e até autocrítica.

Por fim, “Endless Summer Vacation” não é melhor que “Plastic Hearts”, mas essa é uma persona da Miley bem confortável e que se parece com ela também; e se ela prosseguir nesse ritmo, há um percurso de carreira que pode ser longo e frutífero (pop rock com toque dance e algumas referências country). As músicas são boas e letras bem trabalhadas, mas o álbum perde o fôlego e esse ar orgânico e leve no final, o que acaba baixando um pouco a nota do material.

Infelizmente, essa nota cai ainda mais quando a melhor música e com potencial radiofônico de “Endless Summer Vacation” é justamente o lead, “Flowers”, e que abre o álbum, uma faixa atemporal, deliciosa e de refrão absolutamente marcante e chiclete — o que depõe contra o material. Geralmente o primeiro single é a faixa que abre os trabalhos e apresenta o conceito do álbum, dando o pontapé inicial para a era; e com o segundo single, trata-se da faixa que vai ajudar a carregar as vendas do álbum. Mas essas faixas, normalmente, não são as melhores… Infelizmente aqui, a melhor música é o lead.

Ainda assim, eu recomendo “Endless Summer Vacation”. É um ótimo álbum e adianto logo, vai aparecer bastante no Grammy 2024.

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Assista ao clipe de “Flowers”, lead single do álbum: