eu ouvi o “GUTS” da Olivia Rodrigo e…
DISCAÇO!

estava esperando a oportunidade para ouvir com calma esse álbum e dizer que “GUTS”, o novo lançamento (dia 08/09) de Olivia Rodrigo, é muito bom! eu esperava que fosse bom, melhor até do que o primeiro, “SOUR”, mas não que fosse tão bom assim!
trata-se de uma evolução óbvia e muito bem-vinda: dava para notar que as composições do debut eram boas, mas precisavam de amadurecimento, um polimento; e aqui, neste segundo álbum, você consegue enxergar evolução nos vocais, letras — letras mais polidas, mais bem trabalhadas, além de uma consolidação do que Olivia quer como artista. ela entendeu que a linha dela era mais pop rock/pop punk (ainda bem, já que as melhores músicas do “SOUR” têm justamente essa pegada); e assim, você nota que tem menos baladas em “GUTS”, e as baladas começam lentas para depois explodirem num refrão mais pop rock, música pra cantar em estádio, singalong.
ou seja, há uma coesão sonora também, com maior peso nas guitarras e em outros instrumentos.
apesar da nostalgia anos 2000, dá pra ver que o olhar de Olivia não é exatamente para Avril Lavigne e Hayley Williams, do Paramore, como uma galera andava comentando; as músicas deste álbum parecem muito com trilha sonora de filme adolescente com Julia Stiles; ou filmes dos anos 90 tipo “As Patricinhas de Beverly Hills”.
sobre as temáticas
ao contrário de muitos “segundos álbuns” que trabalham com “fiquei famosa, agora sou rica, como lidar com isso”, em “GUTS” essa narrativa fica um pouco de lado. sim, existem as discussões sobre os efeitos da súbita fama na vida dela (“making the bed”, ou o relacionamento abusivo em “vampire”); mas no geral, as músicas deste álbum foge muito do “tô famosa, como é dificil”. elas fazem referência às dores de crescimento de adolescentes que chegaram à idade adulta, de quando você imagina que será uma coisa, mas você se surpreende porque a vida não é o que você espera. é visível que Olivia brilha escrevendo sobre sentimentos universais de qualquer jovem de 20 anos — escrevendo como uma jovem de 20 anos.
o doloroso processo doloroso da vida adulta (“teenage dream”), uma sinceridade quase absurda — com toques de “sim, estou errada e não me arrependo disso” — sobre rolês errados, caras errados, inveja, sentimento de inadequação, (“bad idea right”, “lacy”, “get him back”, “love is embarassing”), além das pressões externas por uma perfeição que irrita, incomoda e fere (“all american bitch”, “pretty isnt pretty” — a prima de “jealousy jealousy”). músicas que conversam com uma geração identificada com Olivia, que tem a mesma idade e vivências dela; mas também conversam com mulheres que não tem 20 anos há algum tempo, só que, ao ouvirem as faixas do “GUTS”, param um pouco e pensam “poxa, eu sentia isso, eu tinha essa dúvida, talvez eu sinta isso hoje”.
há também um senso de humor autodepreciativo, sarcástico, e eu ria algumas vezes ouvindo as músicas. é uma artista que escreve sobre seus erros e não tem medo de dizer que tá errada, e você ri, porque até a interpretação meio debochada, blasé, dá margem a esse riso.
chances de Grammy?
olha, se Olivia e a gravadora lançaram dia 08/09 é porque eles sabem o que estão fazendo: está no finalzinho do período de elegibilidade para o Grammy 2024 (terminou 15/09), a memória está mais fresca, ela pegou uma data e um momento em que ela é a principal estrela do momento… mas nada disso seria possivel se o “GUTS” não fosse excelente: além das críticas positivas, teve uma excelente primeira semana de vendas, tem hits e chances de colocar várias músicas em premiações distintas — dá até pra brincar: “vampire” seria colocado como Gravação do Ano e Canção do Ano ou apenas em Canção? “bad idea right” entraria apenas como Gravação? “vampire” entraria em Pop Solo? vale a pena investir em uma faixa para submeter em Performance Rock?
resumo? TEMOS JOGO AMIGOS… especialmente porque a Academia gosta dela e entre a “nova geração do pop”, quem está carregando a tocha é justamente Olivia.
e você, o que achou do “GUTS”? qual é a sua música favorita do álbum? acha que tem chances fortes no Grammy do ano que vem?