eu ouvi uns três álbuns neste primeiro trimestre… (1)
e obviamente tenho opiniões sobre
depois de muito tempo sem postar algo sobre música por aqui, hora de falar a respeito de alguns álbuns lançados no primeiro semestre de 2024, dos que eu mais gostei até os que eu menos gostei.
(obviamente vou ordenar dessa forma porque todo mundo gosta é da esculhambação haha)
vou começar falando sobre um dos meus materiais favoritos do ano, um álbum que mostra uma artista em constante evolução; e um lançamento que reflete um ano bem complicado para este cantor.
de quem estou falando?
“Tyla” — Tyla

o debut da sul-africana Tyla é um material que me chamou a atenção por representar um momento da música mainstream atual muito necessário. durante a pandemia, muitos artistas foram atrás de lançamentos mais confessionais, introspectivos, que de certa forma representaram a época em que todos estávamos vivendo. o “Tyla” é diferente. é leve, pra cima, agradável, ótimo para treinar na academia, e consegue misturar pop, R&B, amapiano (gênero originário da África do Sul) e afrobeats de maneira bem hábil e equilibrada.
não acreditem que o álbum é repetitivo. não é.
tudo isso só faz sentido por meio da voz da artista. Tyla tem uma voz suave, volumosa, envolvene, perfeita para as sonoridades que ela trabalha no álbum, tanto nas faixas mais animadas como “Water”, “Jump”, ou em faixas mais downtempo, como “Butterflies”, mostrando a versatilidade de sua interpretação — e de sua presença em diversos mercados.
dá pra gente sentir que Tyla tem futuro e constância (considerando que ela já está sendo bem recebida por públicos de nicho que são fiéis caso você mantenha a sonoridade de interesse deles, como o público R&B), e o som do debut amarra bem o que a gente busca hoje — leveza, um pouco de tranquilidade em tempos confusos, e um momento para dançar e se divertir.
“Eternal Sunshine” — Ariana Grande

se tem uma coisa que Ariana Grande não sabe fazer é álbum ruim. acho que o material menos “MDS IMPECÁVEL”, pra mim, é o “positions”, e mesmo assim ele está acima de muita coisa lançada no pop estadunidense. o “Eternal Sunshine” é um retorno à forma com um pop/R&B mais maduro e adulto, provando o quanto ela é capaz de evoluir em cada lançamento.
curiosamente, os dois primeiros singles do álbum têm um direcionamento diferente do resto do material (eu não simpatizo em nada com “Yes, And?” e sua vibe de música para loja de departamento), e mais parece um bait — porque todo o resto é pop/R&B de primeira linha, com sinceridade palpável e um diferencial importante em relação aos trabalhos anteriores dela: dicção. depois de muito tempo, eu finalmente entendo o que Ariana canta (algo que sempre foi alvo de críticas no passado). a dicção melhorada, tornando suas interpretações mais claras e a colocando ainda mais acima na lista de grandes intérpretes pop atuais nos EUA.
acredito até que esse aspecto está relacionado à sua participação no filme “Wicked”, que é um musical, e ela deve ter reproduzido essas experiências em seu trabalho como cantora.
contudo, apesar de eu ter gostado muito de “Eternal Sunshine”, a impressão que ficou, após ouvir outras coisas neste ano, é que a vibe, o espírito do álbum, cai naquele contexto de introspecção e reflexão de antes de 2024. me parece um álbum de 2023, 2022 e não deste ano. a energia dele é diferente. não é um álbum ruim, pelo contrário, mas a impressão que me dá é de que faria mais “sentido” se tivesse sido lançado em março de 2023. mesmo assim, é perceptível que Ariana ainda tem uma gana e ambição artística suficientes para mostrar trabalhos cada vez melhores em sua carreira. é impressionante.
“Everything I Thought It Was” — Justin Timberlake

o ano do Timberlake não tá um dos melhores… teve a biografia da Britney, a prisão por dirigir bêbado, “this is going to ruin the tour”… pode até ser que a turnê esteja lotada, mas provavelmente não é por causa do “Everything I Thought It Was”, seu álbum mais recente de estúdio. é basicamente um “retorno à forma” pra ele, após o controverso (pra dizer o mínimo” “Man of the Woods” (que álbum RUIM, misericórdia). no entanto, até mesmo aquele material tinha ideias boas, só que mal executadas.
aqui, “Everything I Thought It Was” é mal pensado E mal executado: parecem músicas descartadas de 2012, 2013, e recauchutadas para 2024, só que com ar de antigas (o maior exemplo é o lead single, “Selfish”, que parece um quarto single fechamento de álbum em 2012). álbum longo demais, produção repetitiva (o que é pop/R&B a gente já ouviu Timberlake fazer bem há uns 12 anos; o que é nu-disco a gente já ouviu vários outros artistas fazendo muito bem nos últimos anos) e quando ele tenta soar moderninho, “trend”, “vamos agradar aos gen-z”, como em “Memphis”, onde tem trap e rap, o resultado é estranho, autoindulgente, pouco convincente. Timberlake, que sempre foi o cara que observava a música pop com as lentes do futuro, sempre um passo à frente, me lembrou o meme do Steve Buscemi de boné e skate na mão perguntando “how do you do, fellow kids?”

ouvindo o material novo, eu fiquei pensando se realmente ainda faz sentido essa parceria de décadas com Timbaland. apesar de ter outros nomes na lista de produtores, como Calvin Harris, Ryan Tedder, Cirkut, Timbaland tá lá, firme e forte, mas acho que não dá mais um extrair nada do outro. nem todos conseguem encontrar essa motivação (a própria Ariana Grande trabalhou com Max Martin no “Eternal Sunshine” e dá pra ver que eles ainda têm coisa pra render), e talvez, se Justin Timberlake tivesse corrido atrás de compositores e produtores de R&B que estão fazendo coisas interessantes e fresh, como D’Mile, Muni Long, Victoria Monet… sabe, o caderno de contatos desse homem deve ser imenso, certeza que uma ligação, um papo, não doeria em nada.
agora me conte: você ouviu estes álbuns? qual foi o que você mais gostou e o que você menos curtiu? e quais seriam os próximos materiais deste primeiro semestre que você imagina que eu vou comentar por aqui?