vamos falar sobre o grammy de álbum pop

Marina Teixeira
3 min readJan 31, 2023

meus advogados pediram pra pegar leve

a categoria de álbum pop no Grammy é recente, digamos assim — só foi incluída na lista de premiações a partir de 1995, após uma única aparição em 1968 (quando os Beatles levaram por “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. A partir da década de 90, os vencedores foram se consolidando mais como artistas de legado, com algumas aparições de nomes mais jovens e “populares”, se assim posso dizer, até a década de 2010, quando a tendência se tornou tradição.

um álbum pop vencedor deve aliar sucesso do álbum com sucesso dos singles — no plural.

temos exceções à regra neste período, de álbuns que foram carregados por um single e levaram (como “Stronger” da Kelly Clarkson e “25” da Adele), mas no geral, a regra é o que tá em bold (seguem vencedores da década passada e desta: “The E.N.D.”, “The Fame Monster”, “1989”, “Unorthodox Jukebox”, “Future Nostalgia”, “Sweetener”, “Sour”, “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”, “÷”… Esse grupo é melhor do que o grupo atual, que tistreza…). por isso, eu sigo a regra e digo:

acho que esse Grammy é do Harry Styles.

Antes, os indicados:

  • ABBA — Voyage
  • Adele — 30
  • Coldplay — Music Of The Spheres
  • Lizzo — Special
  • Harry Styles — Harry’s House

o “Harry’s House” é um álbum maduro e com personalidade — mostrando um artista em constante evolução. É um trabalho com estofo e com singles potenciais, sem perder a qualidade do material. Também supera um problema que eu encontrava ouvindo o “Fine Line”: é um material coeso, sem montanhas-russas, sem momentos que o álbum caía de produção. Mesmo com músicas lentinhas em um certo pedaço do álbum, são boas canções; além das escolhas para single serem as mais certeiras — tanto que são singles que chegaram ao top 10: “As It Was” (#1), “Late Night Talking” (#3) e “Music for a Sushi Restaurant” (#8).

acho que o elemento que eu mais gosto desse álbum é o fato de ser um álbum pop, de um artista pop, que não quer fazer concessões muito específicas para hitar em todos os espaços. o som pode ser, de primeira, meio estranho (dado o zeitgeist musical da década), mas é bom o suficiente para chamar a atenção e hitar. e é comercial do mesmo jeito. simpatizo MUITO com este álbum e digo mais: se a Academia quiser polemizar, este é um ótimo álbum para servir de “azarão” em Álbum do Ano…

… não digam que eu não avisei depois.

(aliás, ele está naquela famosa categoria spoiler do Grammy, Engenharia de Som Não-Clássico…)

mas… e Adele?

meus advogados pediram para dizer que é um álbum. com músicas. e que foi lançado. o “30”, apesar de ter obtido duas músicas no top 10 (obviamente “Easy On Me” e “Oh My God” — #5), teve as primeiras críticas negativas da carreira da Adele e em qualidade, não se aproxima dos outros materiais dela. meio-de-campo beirando ao medíocre com algumas tentativas mais pop, boas produções mas sem o brilho e o potencial de música atemporal; nenhuma faixa com grande potencial radiofônico.

em resumo, não é um bom álbum e sinceramente, a única coisa que o “30” poderia levar e, mesmo assim, você fazer uma careta de “sério Grammy”, é em Pop Solo. e olhe lá.

no próximo post, vou focar em TODO o general field e minhas opiniões sobre quem leva Gravação, Canção e Álbum do Ano. porque tenho opiniões.

até logo!

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Written by Marina Teixeira

writer, journalist and anxious overthinker

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