eu ouvi o “Cowboy Carter”, de Beyoncé, e…
aquele papo sobre a importância da maturidade na compreensão de um álbum
lá atrás, em 2022, quando fiz a resenha de “RENAISSANCE”, eu comentei sobre a importância de ser madura o suficiente para gostar de um material, elogiá-lo, mas não querer consumir tanto assim.
bem, o caso de “COWBOY CARTER”, oitavo álbum na discografia da Queen B, é ligeiramente parecido. trata-se de um álbum refinado, onde o country se mistura com gêneros como trap, soul, R&B, rock e pop para recontar a história e a relevância das pessoas negras dentro de um gênero que os negros americanos ajudaram a criar, mas foram (e vem sendo) apagados durante a história.
e ela faz isso com maestria, muitos instrumentos e com inteligência, nunca deixando de destacar o elemento mais importante neste álbum: a voz de Beyoncé, o melhor instrumento. aqui ela tá cantando country, mas sem aquele yodeling; canta até ópera (em “DAUGHTER”), entrega uma performance suave em “BODYGUARD” e mostra muita versatilidade em “TYRANT”, “SPAGHETTI” e “YA YA” (cujo hype é super compreensível, é uma das highlights do álbum).
mesmo com os encontros e misturas de gênero, é o country que se destaca naturalmente aqui, com o storytelling nas letras, tão característico do gênero, os arranjos, e a participação de cantores country da nova geração e de lendas country — mas não as “certinhas” do gênero: figuras inovadoras como Linda Martell e Dolly Parton, e um dos rebeldes do country, Willie Nelson, são participações mais do que especiais por aqui.
o álbum tem diversas no skips [além das já citadas, “II MOST WANTED”, “BLACKBIIRD” e os dois singles simultâneos “16 CARRIAGES” e “TEXAS HOLD’EM” (#1 na Billboard Hot 100)são destaques positivos] e consegue juntar todo o conheicmento e pesquisa trazido por Beyoncé sobre essa parte da música popular estadunidense de maneira comercial, acessível e muito divertida — mesmo que as 27 faixas do “COWBOY CARTER” tornem o consumo um tanto entediante no terço final, quando a impaciência começa a tomar corpo.
isso não significa que seja um álbum ruim, apenas que é longo demais (e quem me conhece sabe que eu não gosto muito de álbuns longos…), e que vai me fazer ouvi-lo apenas na época do Grammy.
mas é um material excelente, melhor do que o anterior, mostrando que o nível proposto por Beyoncé em seus trabalhos consegue ficar maior a cada lançamento — e essa inquietação em décadas de carreira é o que a faz uma das grandes artistas estadunidenses de seu tempo, se não a maior.
E você, o que achou do “COWBOY CARTER”? fique à vontade para comentar!